Aqui há alguns anos, quando se apostou na iluminação pública dos monumentos nacionais em Estremoz, houve alguém que disse: “Pode ser que, doravante, as pessoas comecem a ver de noite aquilo em que não reparam durante o dia!”.
Está sempre a acontecer: damos valor à saúde quando ela nos falta, raramente reconhecemos méritos às pessoas em vida, reclamamos por um ambiente mais saudável quando ele já nos é hostil, e por aí adiante… Com a Serra d’Ossa passou‑se sensivelmente o mesmo: foi preciso arder para que muitos dos nossos conterrâneos se voltassem a lembrar dela.
Vamos então aproveitar a única coisa positiva que o incêndio nos trouxe: chamar a atenção sobre um importantíssimo recurso que, a meu ver, está subaproveitado. Na verdade, neste momento a lamúria fatalista não nos leva a lado nenhum. O que ardeu, ardeu. É passado. Não queimemos agora o nosso ânimo. Vamos antes passar a olhar para a nossa Serra de uma outra forma bem mais positiva e afirmativa e, já agora, vamos tirar o adequado partido daquilo que ela (ainda) tem para nos dar. (Não só porque não ardeu toda, mas também porque a natureza se encarregará de lhe devolver a pujança dentro de algum tempo.)
A Serra d’Ossa é rica sob várias perspectivas. Ao relevo estão associadas outras riquezas que transcendem a flora e a fauna agora afectadas, porquanto persiste um património histórico (megalítico e neolítico) e cultural com potencialidades no domínio de diferentes vertentes turísticas (ecoturismo, turismo histórico, cultural, gastronómico, de aventura, …). O mais interessante é que a denominada linha do Meio Mundo (separação das águas que escorrem para a bacia do Tejo, Tera, e para a bacia do Guadiana, Lucefecit) favorece claramente o concelho de Estremoz, tornando o nosso “meio” mundo maior que a outra “metade”. No entanto, também não nos importamos que tais riquezas escorram para as outras abas da serra, porquanto não só chegam para todos como se podem estabelecer interacções interessantes, em perfeita simbiose, que beneficiam globalmente todos os concelhos que partilham a Ossa.
Em tempos, a Ossa foi património de que os monges eremitas do Convento de S. Paulo tiravam partido. (A aptidão agrícola ficava circunscrita a pouco mais que ao Canal. Restava a aptidão silvícola e… a oração) Hoje, há lugar para todos: para os puristas (que apenas defendem os percursos pedestres), para os percursos motorizados, para o turismo de aventura com actividades outdoor, para a silvicultura e para a produção de energia eólica.
Se não conseguirmos fazer nada, regozijemo‑nos com a paisagem grátis (ou à borla, se preferirem).
[Publicado no Jornal "Brados do Alentejo" em 08 de Setembro de 2006 (http://bradosdoalentejo.com.sapo.pt)]
Está sempre a acontecer: damos valor à saúde quando ela nos falta, raramente reconhecemos méritos às pessoas em vida, reclamamos por um ambiente mais saudável quando ele já nos é hostil, e por aí adiante… Com a Serra d’Ossa passou‑se sensivelmente o mesmo: foi preciso arder para que muitos dos nossos conterrâneos se voltassem a lembrar dela.
Vamos então aproveitar a única coisa positiva que o incêndio nos trouxe: chamar a atenção sobre um importantíssimo recurso que, a meu ver, está subaproveitado. Na verdade, neste momento a lamúria fatalista não nos leva a lado nenhum. O que ardeu, ardeu. É passado. Não queimemos agora o nosso ânimo. Vamos antes passar a olhar para a nossa Serra de uma outra forma bem mais positiva e afirmativa e, já agora, vamos tirar o adequado partido daquilo que ela (ainda) tem para nos dar. (Não só porque não ardeu toda, mas também porque a natureza se encarregará de lhe devolver a pujança dentro de algum tempo.)
A Serra d’Ossa é rica sob várias perspectivas. Ao relevo estão associadas outras riquezas que transcendem a flora e a fauna agora afectadas, porquanto persiste um património histórico (megalítico e neolítico) e cultural com potencialidades no domínio de diferentes vertentes turísticas (ecoturismo, turismo histórico, cultural, gastronómico, de aventura, …). O mais interessante é que a denominada linha do Meio Mundo (separação das águas que escorrem para a bacia do Tejo, Tera, e para a bacia do Guadiana, Lucefecit) favorece claramente o concelho de Estremoz, tornando o nosso “meio” mundo maior que a outra “metade”. No entanto, também não nos importamos que tais riquezas escorram para as outras abas da serra, porquanto não só chegam para todos como se podem estabelecer interacções interessantes, em perfeita simbiose, que beneficiam globalmente todos os concelhos que partilham a Ossa.
Em tempos, a Ossa foi património de que os monges eremitas do Convento de S. Paulo tiravam partido. (A aptidão agrícola ficava circunscrita a pouco mais que ao Canal. Restava a aptidão silvícola e… a oração) Hoje, há lugar para todos: para os puristas (que apenas defendem os percursos pedestres), para os percursos motorizados, para o turismo de aventura com actividades outdoor, para a silvicultura e para a produção de energia eólica.
Se não conseguirmos fazer nada, regozijemo‑nos com a paisagem grátis (ou à borla, se preferirem).
[Publicado no Jornal "Brados do Alentejo" em 08 de Setembro de 2006 (http://bradosdoalentejo.com.sapo.pt)]
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