- Finalmente! Lá acertaram uma. Já não era sem tempo. Depois dos “sucessos” na apresentação das contas, na FIAPE ou na JUVEMOZ, (apenas para citar os exemplos de que a generalidade da população se apercebeu), os órgãos do Município de Estremoz – Câmara e Assembleia Municipais – lá tomaram uma decisão arrojada, em clara ruptura com um passado de indefinição de má memória. Refiro-me, naturalmente, à decisão de cortar em definitivo com a AMAMB e a posterior adesão ao sistema multimunicipal das Águas do Centro Alentejo.
Curiosamente, uma das principais críticas dos opositores a esta solução traduz-se, afinal, na sua maior virtude: a relativa desmunicipalização dos serviços de águas e saneamento. - “Para a mentira ser segura / e atingir profundidade / deve trazer à mistura / qualquer coisa de verdade” (António Aleixo). Não sei (nem tenho forma de saber) se o poeta cauteleiro – quando escreveu a quadra antes citada – pretendia avisar-nos do modo de operar dos trafulhas qualificados ou se, pelo contrário, nos estava a querer ensinar alguma “fórmula de sucesso”. (Não sei mesmo o que pensar.) De qualquer modo, isso agora não importa nada. O que importa é ter presente que uma “meia verdade” pode ser equivalente a uma “aldrabice completa” ou, no mínimo, a uma mentira piedosa. Vou dar dois exemplos: A) Andaram para aí a dizer-nos que a derrama municipal não ia produzir qualquer efeito prático para a generalidade das empresas sedeadas no concelho de Estremoz. De facto, até nos disseram que as empresas que não tinham lucros não iriam pagar qualquer derrama. Ora, acontece que a verdade (a verdadeira, sem truques) tem alguns detalhes que se esqueceram de nos dizer. Um deles é que actualmente as empresas pagam impostos mesmo sem terem lucros. Nuns casos, fazem-se os denominados “pagamentos especiais por conta”; noutros, as empresas são inseridas no “regime simplificado de tributação” onde, do mesmo modo, pagam impostos, tenham lucros ou não. O outro detalhe que se “esqueceram” de nos informar é que neste caso as empresas pagam também derrama municipal no valor mínimo de €75. B) Andaram para aí a fazer uns ajustes nos escalões da água para tornar mais justa a factura que cada um paga. O engraçado é que eu no tempo em que as facturas eram injustas pagava a água a cerca de €1,08 por m3. Agora que os escalões são justos pago a mesma água a €1,38, ou seja, 30% mais cara. Quem consome 5m3/mês antes pagava €0,35/ m3; agora paga €0,62. Ah, já esquecia, dizem-me que não houve agravamento no custo da água. Pois…
[Publicado no Jornal "Brados do Alentejo" em 28 de Julho de 2006 (http://bradosdoalentejo.com.sapo.pt)]
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