A Democracia e a Liberdade são as duas grandes virtudes que emanaram do 25 de Abril. Para os mais jovens, em especial para os que nasceram depois de 1974, é compreensível que a data que lhes diga menos que àqueles que viveram sob o jugo da ditadura. Para eles, liberdade e democracia é algo tão natural como respirar. 25 de Abril é um feriado, tal como para os mais antigos já o eram o 1.º de Dezembro ou o 5 de Outubro. Já relativizaram a data, ou seja, já a remeteram para a História.
Por muito que esta atitude escandalize os mais ortodoxos, a verdade é não faz sentido persistir na doutrinação do 25 de Abril de uma forma oca e verbalista, já que tal via é, comprovadamente, ineficaz. Os ideais de Abril celebram-se todos os dias cumprindo o seu verdadeiro desígnio, assegurando os direitos de todos em prol do bem-estar colectivo. A Liberdade evoca-se não obrigando a fazer o que a lei não impõe e permitindo que se faça o que ela não proíbe, exprimindo livremente o pensamento sem temer represálias de quem detém o poder, protegendo a liberdade de imprensa, aplicando a lei de igual modo para todos, impedindo mordomias e privilégios social e eticamente injustos, responsabilizando os erros públicos e os abusos de poder, dando sequência a petições, queixas e reclamações, julgando e punindo os que cerceiam os direitos de outros, assim como aqueles que usam em benefício próprio o património comum.
Se bem que a Democracia Política esteja consolidada em Portugal, a verdadeira Liberdade, neste sentido mais abrangente, continua a ser um processo em curso. Os mais velhos, em particular os que reclamam contra o facto dos mais jovens celebrarem mais efusivamente o 14 de Fevereiro do que o 25 de Abril, têm que dar o exemplo e este não pode ser com verborreia mas sim com acções concretas. Têm que se indignar, têm de agir, têm de exercer plenamente a cidadania. Não podem ficar indiferentes.
O 25 de Abril constitui um marco importante na nossa História. Porém, não é o único. Em 1640 recuperámos a Portugalidade; em 1820 cerceámos o poder aristocrático e, em 1910, acabámos com a sucessão dinástica no exercício do poder. Só falta consolidar a Cidadania.
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