Alguns entendidos – ou, supostamente entendidos – dizem que toda a publicidade é boa… mesmo a má. Eu, neste como noutros domínios, não tenho assim tanta certeza. Certo, certo, foi que Estremoz voltou a ser notícia nos órgãos de comunicação social de expressão nacional, pelo que, de acordo com aquela acepção, não interessa muito se foi por boas ou más razões.
Ao que parece Estremoz foi palco da actuação de uma grande conhecedora da natureza e do comportamento humano, a qual fez uso de tal ciência em benefício próprio. A D. Branquinha – era assim que era conhecida – teve o dom de pôr as pessoas a sonhar e, ainda melhor, de fazê-las lutar pelos seus sonhos, com abnegação e espírito de sacrifício. Porque foi uma portuguesa ilustre, que mobilizou energias e mexeu com os anseios mais íntimos daqueles que a conheceram, talvez não fosse descabida a ideia de homenagear o seu nome numa rua de Estremoz. Porque não a rua onde era “proprietária”? Santa Catarina nem sequer era portuguesa, portanto não passou por lá; 31 de Janeiro – data que comemora a primeira tentativa de implantação do regime republicano – foi um facto ocorrido no Porto em 1891; Oliveira Salazar, assim se chamava a dita rua no ano em que nela nasci, foi apenas um ditador. Pelo que eu percebo da coisa, D. Branquinha mexeu mais com Estremoz que Salazar, que os republicanos do Porto ou que a padroeira da Europa.
Aliás, os seguidores de D. Branquinha passavam o tempo a querer fazer dela uma santa… por isso é que apesar de a tratarem nas palminhas estavam desejosos que ela morresse… (até porque não se canonizam santos em vida).
Enfim, agora a sério. Todos os grandes aldrabões – categoria em que se inseria a D. Branquinha (portanto, esqueçam isso de lhe dar uma rua com o seu nome) – vivem da avidez das suas vítimas. Quanto mais gananciosas melhor. Basta acenar-lhes com a hipótese de ficarem mais ricos de um momento para o outro e elas cegam imediatamente. Perdem clarividência na avaliação dos pequenos sinais que denunciariam o embuste. Porém, é a sua gula pela fortuna mirabolante que se avizinha que constitui a própria cortina de fumo que oculta as intenções dos autores da trapaça. Neste contexto, todos os sacrifícios que lhe são pedidos se revelam pequenos perante a maravilha do que aí vem. E assim vão caindo os patos. (Deve ter sido hilariante presenciar a cena em que, um a um, se foram revelando os “únicos” herdeiros de D. Branquinha.)
Se bem que cada um pense o contrário, é mais fácil cair em situações destas do que se imagina. Aliás, passamos a vida a cair em situações que, apesar de diferentes, são análogas. As pessoas acreditam no que querem acreditar, e, quem não tiver escrúpulos, só tem que fazer o adequado uso disso… nos nossos empregos, na política, etc.
Ao que parece Estremoz foi palco da actuação de uma grande conhecedora da natureza e do comportamento humano, a qual fez uso de tal ciência em benefício próprio. A D. Branquinha – era assim que era conhecida – teve o dom de pôr as pessoas a sonhar e, ainda melhor, de fazê-las lutar pelos seus sonhos, com abnegação e espírito de sacrifício. Porque foi uma portuguesa ilustre, que mobilizou energias e mexeu com os anseios mais íntimos daqueles que a conheceram, talvez não fosse descabida a ideia de homenagear o seu nome numa rua de Estremoz. Porque não a rua onde era “proprietária”? Santa Catarina nem sequer era portuguesa, portanto não passou por lá; 31 de Janeiro – data que comemora a primeira tentativa de implantação do regime republicano – foi um facto ocorrido no Porto em 1891; Oliveira Salazar, assim se chamava a dita rua no ano em que nela nasci, foi apenas um ditador. Pelo que eu percebo da coisa, D. Branquinha mexeu mais com Estremoz que Salazar, que os republicanos do Porto ou que a padroeira da Europa.
Aliás, os seguidores de D. Branquinha passavam o tempo a querer fazer dela uma santa… por isso é que apesar de a tratarem nas palminhas estavam desejosos que ela morresse… (até porque não se canonizam santos em vida).
Enfim, agora a sério. Todos os grandes aldrabões – categoria em que se inseria a D. Branquinha (portanto, esqueçam isso de lhe dar uma rua com o seu nome) – vivem da avidez das suas vítimas. Quanto mais gananciosas melhor. Basta acenar-lhes com a hipótese de ficarem mais ricos de um momento para o outro e elas cegam imediatamente. Perdem clarividência na avaliação dos pequenos sinais que denunciariam o embuste. Porém, é a sua gula pela fortuna mirabolante que se avizinha que constitui a própria cortina de fumo que oculta as intenções dos autores da trapaça. Neste contexto, todos os sacrifícios que lhe são pedidos se revelam pequenos perante a maravilha do que aí vem. E assim vão caindo os patos. (Deve ter sido hilariante presenciar a cena em que, um a um, se foram revelando os “únicos” herdeiros de D. Branquinha.)
Se bem que cada um pense o contrário, é mais fácil cair em situações destas do que se imagina. Aliás, passamos a vida a cair em situações que, apesar de diferentes, são análogas. As pessoas acreditam no que querem acreditar, e, quem não tiver escrúpulos, só tem que fazer o adequado uso disso… nos nossos empregos, na política, etc.
[Publicado na edição do Jornal "Brados do Alentejo" em 29 de Dezembro de 2006 (http://bradosdoalentejo.com.sapo.pt)]
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