domingo, 4 de maio de 2008

1. Os jovens e a Política 2. Estagflação

1. No âmbito das comemorações oficiais do 25 de Abril, em sessão solene no Parlamento, a intervenção do Senhor Presidente da República ficou marcada pela divulgação de um estudo que evidencia um marcado desinteresse dos jovens em relação à Política.
Salvo melhor opinião, não foram as conclusões do referido estudo da Universidade Católica que surpreenderam mas sim as reacções à divulgação do mesmo. Curiosamente, a esquerda parlamentar, sem contestar os factos, indignou-se por razões que só ela saberá – se é que sabe – preferindo encetar de imediato uma fuga para a frente em busca de culpados. Como é óbvio, a primeira escolha nessa eleição de culpados recaiu desde logo naquele que estava mais a jeito e que, ao mesmo tempo, era o portador das más notícias: Cavaco Silva.

Bom, eu até admito que o actual Presidente da República também tenha contribuído de algum modo para o distanciamento da Política por parte de alguns jovens. O que não faz qualquer sentido é que a esquerda se exima de tal responsabilidade já que, no mínimo, toda a classe política contribuiu em partes sensivelmente iguais para tal fenómeno.

Para mim, sem minimizar o tema, a questão coloca-se também ao contrário: que sabem os políticos sobre os jovens? O que pensam, o que sentem, o que os motiva? Seguramente, pouco.

2. A Estagflação constitui um fenómeno económico do qual já quase estávamos esquecidos. Traduzindo para Português corrente, a estagflação corresponde a cenários em que a estagnação económica coexiste com a subida generalizada dos preços e com o desemprego.

Trata-se de um fenómeno atípico que ocorre apenas em contextos precisos. A última vez que aconteceu foi na sequência do choque petrolífero de 1973, prolongando-se até meados da década de oitenta. A situação mais comum (e com a qual as autoridades monetárias sabem lidar bem) é a inflação provir da pressão da procura sobre os bens, justamente em situações de sobreaquecimento da economia. As pessoas têm mais dinheiro, compram mais, os preços sobem. Neste casos, é hábito os bancos centrais subirem as taxas de juro de referência, refreando assim o consumo, o investimento e, ao mesmo tempo, estimulando a poupança.

Porém, esta política não produz os mesmos efeitos em estagflação, já que a principal causa da subida de preços não deriva da pujança do crescimento económico, mas antes da subida do custo de matérias-primas essenciais (em especial, da energia). Dito por outras palavras, trata-se mais de inflação pelos custos do que de inflação pela procura.

A situação actual, em que o crude já atinge os 120 dólares por barril, corresponde à fase embrionária da estagflação, dando ideia que os governos das economias ocidentais não aprenderam nada com a lição de 73. Quando mais de metade do custo dos combustíveis corresponde a impostos, que mensagem se está a passar aos países produtores de petróleo?

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