Por serem celebradas em Setembro – desde tempos que se perdem na memória – as Festas da Exaltação da Santa Cruz, são também denominadas de Setembrinas ou de Setembro. Por serem realizadas no coração da cidade – e por outras razões que adiante evocaremos – foram (e ainda são) consideradas as Festas da Cidade. Ontem como hoje, o excedente das festas (quando existe) destina-se a apoiar a obra social da Igreja.
Sem nunca terem deixado de ser festas paroquiais – com as tradicionais quermesses, tômbolas, leilões de fogaças, arraiais, bailes e fogo-de-artifício – tempos houve em que a sua grandiosidade transcendia claramente o âmbito da celebração religiosa a que estavam (e estão) associadas. O envolvimento directo do Município nas festas realizadas nos anos sessenta do século passado, por exemplo, tornou possível que se fizessem construções em alvenaria em pleno Rossio, as quais, decorridas as festas, eram demolidas e reedificadas no ano seguinte. Havia quem considerasse um desperdício, tal como havia quem considerasse um investimento… Certo, certo, é que toda a gente achava tais festas fulgurantes e com capacidade para atrair forasteiros.
Na ausência de tal apoio, parece evidente que o cariz paroquial das celebrações prevaleça e, neste contexto, a sua grandiosidade fique balizada pelo volume dos donativos conseguidos e pela generosidade dos voluntários que a organizam e põem de pé. Não se estranha por isso que as actuais Festas sejam mais modestas. (Valha-nos, em contrapartida, que a Obra do Centro Social Paroquial de Santo André é agora deveras mais visível e significativa).
Todavia, nem todos os municípios encaram as suas festividades da mesma forma. Aqui bem perto de nós, a Festa dos Capuchos (que não tinha expressão quando comparada com a nossa) arrasta multidões de toda a região. Mais ousado ainda, o Município do Crato investe centenas de milhares de euros para atrair não apenas uma região mas sim gente de todo o país. Enfim, é tudo uma questão de escolhas. Uma coisa é certa: as Festas da Exaltação da Santa Cruz só poderão ser, efectivamente, as Festas da Cidade com um maior envolvimento do Município.
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