Para prevenir uma eventual invasão pelas tropas de Napoleão, os ingleses montaram junto à sua costa postos de vigilância que só vieram a extinguir um século após a morte do cônsul francês. Por aqui se pode concluir que a mudança, qualquer mudança, sempre oferece resistência. No entanto, se avançarmos que, sob ameaça, tais postos de vigilância foram montados em pouco tempo, então também poderíamos concluir que a mudança até pode ser rápida. Enfim, rápida ou lenta, ela é, indiscutivelmente, constante. Alterando-se as situações, as pessoas ajustam os seus comportamentos em busca de novos equilíbrios, ou seja, de novas rotinas. Não é para menos, são as rotinas que conferem estabilidade e previsibilidade pelo que, paradoxalmente, a mudança é simultaneamente desejada pelas oportunidades que cria, mas temida pela instabilidade e ameaças que, simultaneamente, gera. Esta aparente contradição está, afinal, muito bem explicada: sempre que insatisfeitas as pessoas clamam por mudança; no entanto, dificilmente aceitam que tudo mude muito rapidamente ou ao mesmo tempo. Geralmente, as reformas graduais são preferidas às revoluções radicais.
Dos Estados Unidos surgem sinais que auguram mudanças relevantes. No Partido Democrata, a mudança já aconteceu seja qual for o finalista vencedor para disputar a eleição presidencial (Hillary Clinton, a primeira mulher, ou Barack Obama, o primeiro negro). Do lado republicano a mudança será menos sensível mas, ainda assim, considerável, já que John McCain está, segundo dizem, a anos-luz do fundamentalismo primário que caracteriza George W. Bush.
Seja a mudança mais moderada (John McCain) ou mais expressiva (Barack Obama), pode dar-se como certo que os Estados Unidos irão evoluir mas, por muito que mudem, não se transfigurarão.
Finalmente, em Portugal também há mudanças. Destaco uma que considero importante: pela primeira vez em muitos anos os partidos do centro do espectro eleitoral perdem intenções de voto em benefício da esquerda revolucionária. Pelos vistos, há já quem prefira o trotskismo, mesmo sem saber o que é a revolução permanente nem, afinal, o que é que tais movimentos têm para propor como alternativa. Só grandes desilusões poderão justificar tremendas mudanças.
Nota: A imagem é propriedade do autor.
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