A semana que passou foi rica em acontecimentos que, para mim e para muitos, foram novos. Por exemplo, nunca tinha visto "saltar a tampa" ao Rei de Espanha. Juan Carlos de Borbón pode não ser um santo – aliás, há quem garanta que não, nomeadamente aqueles que conheceram a sua juventude irreverente passada no Monte Estoril, onde alternava bailes requintados com a frequência de estabelecimentos mal afamados – mas habituámo-nos a vê-lo como pessoa cordata e conciliadora. "Porque não te calas?" disse ele a Hugo Chávez interrompendo-lhe a interrupção que o segundo fazia, com a sua habitual deseducação, à intervenção de Rodríguez Zapatero. Depois soube que Bento XVI passou uma reprimenda aos Bispos portugueses, como se estes tivessem furado o pudim com um dedo. Ao que percebi, Sua Santidade responsabilizou o clero nacional, entre outras coisas, pela crise de vocações e pela perda da influência da Igreja. Pareceu-me injusto o reparo. Seguidamente, vi os "anarcas" da República Checa a darem um enxerto de porrada aos neo-nazis daquele país, quando estes últimos se preparavam para fazer uma "visita de cortesia" a um bairro judeu. Habituados a distribuir "fruta" sobre cidadãos indefesos, desta vez os skins saíram-se mal, já que a "sobremesa" foi inteirinha para eles. Por cá, ouvi Manuel Monteiro a convidar "para a rua" os militantes da Nova Democracia que subscrevem mensagens xenófobas e racistas. Achei bem. Finalmente vi algo que não é propriamente novo: José Sócrates escovou mais uma vez o seu interlocutor do PSD na Assembleia da República. A novidade aqui não está na escova, está no interlocutor. De facto, até aqui pensava-se que se deixassem Santana Lopes falar "não o levavam preso". Afinal, o homem falou mas não ganhou nada com isso. Tal como Marques Mendes já fazia, também vai passar a ter de levar "uma cortiça nas costas" quando for à Assembleia. De nada adianta falar, mesmo dizendo verdades irrefutáveis, quando se tem por antagonista uma pessoa que, sem escrúpulos, ignora todas as questões que lhe são dirigidas e prefere apostar naquilo que sabe que a imprensa irá destacar, que no caso eram as alegadas fragilidades de Santana Lopes. Sócrates saiu divertido com a sua performance. Iludiu tudo e (quase) todos uma vez mais. Talvez ainda não tenha percebido que, conforme dizia Abraham Lincoln, "podes enganar todas as pessoas durante algum tempo, podes até enganar algumas pessoas o tempo todo; o que não podes é enganar todos durante todo o tempo". Não há mesmo dúvida que o seu exemplo inspirador se chama Cavaco Silva que é, nem mais nem menos, o homem que "fez a folha" a Santana e que, ao mesmo tempo, pensa ele, também enganou quase todos.
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2 Comentários:
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