Desde o século IV da nossa era que o mundo cristão celebra, em 25 de Dezembro de cada ano, o Natal. Porém, a verdade é que nem o Novo Testamento nem o Alcorão – que se refere ao "filho de Maria" sempre de forma muito elogiosa – fazem qualquer alusão à data de nascimento de Jesus. No entanto, apesar de não se saber ao certo quando nasceu, a escolha da data para celebrar a natividade não resultou do acaso. Talvez de um erro astronómico, mas não do acaso.
E que erro foi esse? Quando Júlio César instituiu o calendário juliano, substituindo o anterior calendário baseado nos ciclos lunares, fixou o solstício em 25 de Dezembro, marcando assim a data de todas as celebrações em honra de Saturno, deus da agricultura, as quais já se caracterizavam por trocas de oferendas, assim como pela exibição de cores vivas que prenunciavam a esperança de dias melhores. De facto, desde os primórdios da humanidade que já se celebrava o solstício de Inverno e o Ano Novo, sendo que o início do segundo correspondia exactamente ao momento do primeiro. Do solstício em diante a Natureza começa a recuperar da letargia parda do Outono e da dormência vegetativa, abrindo-se um novo ciclo de vida marcado pela germinação das sementes e pela recuperação da abundância de alimentos.
Mais tarde, quando os romanos aderiram ao cristianismo, a data da celebração pagã manteve-se, tendo-lhe sido conferido um novo significado e uma linguagem cristã, assim como se manteve a coincidência da sua duração por 12 dias, culminando no dia de Reis, em alusão à visita dos magos persas – um misto de mágicos, astrólogos e sacerdotes – apesar de tal visita ter ocorrido, segundo a própria Bíblia, com o Menino já criança e não quando ainda era bebé.
A árvore de Natal também tem, naturalmente, raiz pagã. Aliás, os romanos, por ocasião da Saturnália, já adornavam as suas casas com pinheiros. No entanto, a referência histórica à árvore de Natal com a forma como hoje a conhecemos remonta ao séc. XVI na Alemanha, sendo muitas vezes atribuída a Lutero.
O presépio constitui a primeira alegoria de raiz genuinamente cristã e remonta ao século XIII, sendo atribuída a sua autoria a S. Francisco de Assis. Incluindo todas as imagens das personagens bíblicas próximas do nascimento de Jesus, a tradição da sua montagem foi-se desenvolvendo lentamente por todo o mundo cristão.
Para terminar resta referir o Pai Natal. Supostamente terá sido um Bispo de nome Nicolau, homem de grandes posses e de não menor generosidade, que terá vivido no séc. III da nossa era na região turca. Todavia esta imagem surge mesclada com figuras nórdicas de origem pagã, sendo o seu figurino actual o resultado de retoques de Marketing patrocinados pela Coca-Cola.
Feliz Natal!
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