O ensaio doutrinário da última edição vai, pelo menos para já, ficar sem "cenas dos próximos capítulos". Apesar de considerar importante a reflexão sobre questões ideológicas – aliás, vou continuar a fazê-lo – não posso hoje, por pragmatismo, deixar de me referir a temas da actualidade, ou seja, regressar à crónica.
Também ao contrário da edição anterior, desta feita vou colocar mais ênfase nas pessoas do que nas ideias. Vou falar de pessoas que considero perigosas. Como metodologia introdutória começo por fazer perguntas: alguém sabe o nome do antecessor do actual Director-Geral de Saúde, Francisco George? Então, e do antecessor do cargo homólogo ao do actual Inspector-Geral da ASAE, António Nunes? Sou capaz de especular que a resposta que a maioria das pessoas dará a esta questão será aproximada da minha, a qual é: "não sei!". Aliás, faz sentido. Só quem tem que interagir directa ou indirectamente com um director ou com um inspector-geral é que sabe os nomes deles. Mas se duvidam que assim é, volto a perguntar: Quem é o Inspector-Geral da Educação? Quem é o Director-Geral da Energia? Estão a ver? Sabem tanto como eu, ou seja, não sabem. Porém, quase toda a gente já ouviu falar destes dois "cromos", do George da Saúde e do Nunes da ASAE, e isso é que já não faz qualquer sentido. Será por as acções desenvolvidas por estes dois personagens serem de tal modo meritórias, que não podemos deixar de saber quem são? Não me parece, já que isso seria compará-los a Paulo Moita de Macedo quando este estava à frente da Direcção-Geral dos Impostos. A razão pela qual estes "artistas" são conhecidos decorre de usarem a imprensa para chamarem a atenção sobre as suas pessoas. Quer um quer outro, acham-se salvadores da pátria e, como tal, agem como se fossem eles próprios a fazer as leis ou a integrar as respectivas lacunas. Daí a tentarem "legislar" da forma que entendem que as leis deviam ser vai um pequenino passo, que abre caminho a todo o tipo de arbitrariedades. Isto é perigoso. Mais grave ainda é não se ver ninguém a travá-los.
Outro sinal de perigo para que pretendo alertar tem a ver com a alteração da legislação autárquica (que, aliás, já elogiei em edição anterior). De facto, estava muito longe do meu pensamento a ideia de que a formação de executivos maioritários nas autarquias implicava o esmagamento quase completo da oposição. Por exemplo, em Estremoz o executivo tem 7 membros… então a maioria não se formava com 4 elementos? De acordo com a actual versão não, parece que vão ser necessários 5, ficando toda a oposição com apenas 2 vereadores. É preocupante. Demais a mais quando em simultâneo se pretende condicionar a existência dos pequenos partidos e quando o Governo já nomeia os administradores dos bancos privados. Só faltava mesmo o Director da Judiciária "precipitar-se" com apreciações que põem em causa toda a Justiça em Portugal. O que virá a seguir?
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