Sou daqueles que acreditam que as pessoas, todas as pessoas, vivem permanente a tentar optimizar o seu bem-estar. Têm interesses que defendem – não apenas de natureza material – cuidam e protegem familiares e amigos, promovem relações interpessoais, procuram a aceitação e reconhecimento dos outros, preocupam-se com o ambiente, com a cultura, com a política, e por aí em diante. É agindo desta forma que as pessoas – cada uma à sua maneira – se sentem bem consigo próprias e na sua relação com os outros.
Esta introdução é importante porque a compreensão da natureza humana é fundamental quer para se perceber como funcionam as organizações, quer também para se poderem introduzir melhorias no funcionamento destas e, numa perspectiva mais alargada, na própria sociedade.
Para isso há que: 1.º - reconhecer que as pessoas têm interesses e que agem em conformidade com eles; e, 2.º - procurar conciliar os diferentes interesses que interagem num mesmo processo. Foi desta forma que o Marketing – ao olhar para as necessidades e anseios dos consumidores – passou de uma mera técnica de vendas para a concepção de produtos de maior qualidade. Do mesmo modo, é também desta forma que a Gestão de Recursos Humanos procura compatibilizar os interesses dos empregados com os da entidade patronal. Quando há conciliação de interesses todos lucram mais com isso (clientes, fornecedores, patrões e empregados).
No entanto, o estabelecimento de tais equilíbrios requer regras claras e transparentes, assim como não dispensa a existência de processos de avaliação do cumprimento das responsabilidades que a cada parte estão cometidas. Em abstracto, as leis não servem para atacar as liberdades de ninguém mas sim para defender os direitos de todos. Do mesmo modo, a avaliação também não serve para perseguir ninguém mas antes para salvaguardar que não sejamos penalizados pelos incumprimentos de outros. Perante umas e outros, as pessoas ajustam o seu comportamento.
O grande problema reside na deficiente formulação das regras, na sua formulação tendenciosa (favorecendo uma das partes) ou na selecção de indicadores de desempenho inadequados (por não serem objectivos ou por estarem desfocados do que interessa). É neste contexto que surgem as distorções. Uma conservatória ou um departamento urbanístico apenas focados nos aspectos legais e legalistas não revelam qualquer sensibilidade aos prejuízos causados a terceiros pelos atrasos das suas decisões. Tal seria diferente se fossem avaliados também pela celeridade com que resolvem os processos. Quando o diagnóstico à situação da Educação e da Formação em Portugal conclui pela necessidade de reforçar a qualificação dos portugueses, tal não significa que apenas devemos melhorar tal estatística, tipo "para inglês ver". Significa, sim, que devemos, efectivamente, incrementar o nível de conhecimentos e o leque de competências dos portugueses. Quando a ênfase é colocada na melhoria da taxa de sucesso dos alunos, então os docentes, se querem ser bem avaliados, "albardam o burro à vontade do dono". Queres sucesso? Então toma lá sucesso educativo.
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