quinta-feira, 28 de junho de 2007

1. Energia; 2. Alentejo de oportunidades (II)

1. Energia

Tempos houve em que se tirava melhor partido das forças da natureza. Os antigos podiam não saber que distribuições desiguais de pressão atmosférica provoca deslocações de massas de ar, mas sabiam que o vento movia os moinhos. Podiam não saber a composição química da água mas sabiam que movia as azenhas. Mais tarde, quando souberam que era possível tirar a água das noras sem ter que alimentar uma mula, passámos a ver muitas quintas e quintinhas dotadas de aeromotores, os populares "cataventos" ou "moinhos americanos". Com o advento da máquina a vapor e, mais tarde, com a proliferação dos motores de combustão interna, as alternativas poluentes (mas com maior produtividade) ganharam prevalência e, naturalmente, os aparelhos produtivos ajustaram-se a essa nova realidade. A pouco e pouco, as energias limpas – apesar de gratuitas e renováveis – foram sendo relegadas para plano secundário até ao seu quase completo abandono.

Os momentos que vivemos são – na perspectiva energética – de grandes transformações. Por um lado, observam-se mutações climáticas e ambientais que – não obstante sempre tenham existido – se caracterizam por uma evolução não natural e, ao mesmo tempo, assustadora para a sustentabilidade do planeta. Por outro, vimos a China a entrar na disputa dos combustíveis fósseis, exercendo uma pressão tal sobre os preços que jamais estes poderão voltar aos níveis anteriores a esse momento. Conclusão 1: nada, do ponto de vista energético, voltará a ser como antes. Conclusão 2: com a mesma racionalidade económica que caracterizou a revolução industrial, é altura de voltarmos a tirar partido das Forças da Natureza.

2. Alentejo de oportunidades (II)

A dependência energética de Portugal em relação ao exterior constitui uma debilidade estratégica que ultrapassa os confins do absurdo. Fechem-nos a torneira energética e o país pára. Paradoxalmente, o nosso país possui recursos energéticos sem paralelo na Europa (ver Mapas). Refiro-me, como é evidente, à radiação solar a qual é susceptível de ser convertida em energia eléctrica. Os avanços da tecnologia alimentam fundadas esperanças neste domínio, em particular no âmbito de centrais solares térmicas activas, as quais através turbinas de vapor "transformam" Sol e Água em Electricidade. É a redescoberta da máquina a vapor.


Por outro lado, a tão deprimida Agricultura tem também agora ao seu alcance novas oportunidades. De facto, os biocombustíveis – o bioetanol para substituir a gasolina e o biodiesel para substituir o gasóleo – podem ser produzidos a jusante da actividade agrícola, com inegáveis benefícios ambientais, económicos e até sociodemográficos, na medida em que poderão fazer inverter o sentido dos fluxos migratórios. Aqui a grande dificuldade reside no facto do Governo ainda não ter compreendido que não pode aplicar o ISP (imposto sobre os produtos petrolíferos) aos biocombustíveis. Mas isso resolve-se.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

1. Spin Doctor; 2. Alentejo de oportunidades (I)


1. Spin Doctor
Por "Spin Doctor", expressão anglófona sem tradução literal, entende-se a pessoa cuja função é dizer bem de outra – normalmente, um político – através de comentários favoráveis ou de elogios mais ou menos velados. Para a marosca funcionar, o spin doctor pode até dar ares de que a sua opinião é independente da pessoa que visa beneficiar. No entanto, o seu único propósito é induzir a ideia de que esta é super, genial, boa até dizer chega ou "assim uma espécie de magazine".

Temo-los por cá... mesmo pelo nosso burgo. Afirmam-se arautos na luta contra o negativismo, exaltando as públicas virtudes dos seus patronos, ao mesmo tempo que deliberadamente omitem os correspondentes pecados. Para eles, não há oposição, há apenas maledicência. Mais parecem guionistas de um filme da série B com "bons" e "maus", nos quais os próprios são inequivocamente os bons e os restantes são, inevitavelmente, os maus. E são maus porquê? Porque dizem e escrevem verdades inconvenientes. Voltámos ao Ballet Rose.
2. Alentejo de oportunidades (I)
O título acima pode ser interpretado de duas formas diametralmente opostas. A primeira, se Alentejo for sinónimo de Deserto, é a de que não há oportunidades; a segunda, a qual prefiro e que desenvolverei numa futura edição, é aquela que sugere que mesmo no "deserto" há oportunidades.
Comecemos pelo lado mais difícil reconhecendo, em abono da verdade, que o Alentejo tem vindo a registar dois tipos de desertificação: a económica; e a demográfica. A primeira desertificação foi, num primeiro momento, a causa da segunda. Porém, agora, a segunda juntou-se ao lote de factores que estão na origem da primeira. Parece que chegámos a uma pescadinha de rabo na boca, a um círculo vicioso de degradação das condições económicas e sociais. Estremoz, em particular, está assinaladamente pior que o conjunto do meio em que se insere. Dos 14 concelhos do Alentejo Central, só o Alandroal registava nas últimas estatísticas disponíveis um crescimento ainda mais negativo que Estremoz, mas, ainda assim, com menos repulsão demográfica. Somos campeões no pior sentido. Aliás, o "Brados" até há bem pouco tempo foi testemunha deste fenómeno na sua página "nascimentos e óbitos" onde os últimos eram sempre mais que os primeiros.
Pois, podemos passar a vida a "dourar a pílula", no entanto a melhor forma de resolver um problema é começar por assumir que ele existe.
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