Fui alertado para um detalhe, quando me perguntaram se faltava algum texto nesta mensagem. Disseram-me inclusivamente que dava a sensação que "entrava logo a matar"... Não foi isso, a mensagem está é, de facto, descontextualizada, dado que o Jornal Ecos me perguntava:
- ainda faz sentido falar de Esquerda e de Direita?
Agora o resto do texto passa a estar devidamente enquadrado.
- ainda faz sentido falar de Esquerda e de Direita?
Agora o resto do texto passa a estar devidamente enquadrado.
Faz sentido apenas por uma fundamental razão: é assim que a maioria das pessoas continuam a rotular a acção política desenvolvida por pessoas, partidos ou governos.
Convenhamos no entanto que tal visão é redutora e, por outro lado, que os conceitos de esquerda e de direita já não têm exactamente o mesmo significado que tiveram noutros momentos. São, portanto, conceitos dinâmicos.
Explico porque a dicotomia esquerda / direita é redutora dando exemplos. Quem é a favor da eutanásia é de esquerda ou de direita? Quem é presidencialista é de esquerda ou direita? Quem é a favor da regionalização é de esquerda ou de direita? Enfim, podia continuar aqui por mais ½ hora a dar exemplos de situações em que encontramos pessoas de todo o espectro político quer a darem respostas positivas às questões enunciadas quer a manifestarem-se contra. As pessoas podem ser mais liberais ou mais conservadoras nos costumes, mais tradicionalistas ou mais progressistas na atitude cultural, mais cosmopolitas ou mais nacionalistas na forma como vêem o mundo e, ainda assim, nada disto ter a ver com o facto de serem de esquerda ou direita, conceito que está fundamentalmente ligado ao modelo de organização económica da produção.
Por outro lado, conforme referido, a esquerda de hoje é substancialmente diferente da esquerda de há 30 anos atrás, a qual até já admite o mecanismo de mercado como forma privilegiada da formação dos preços. Neste aspecto, a direita não mudou tanto mas, ainda assim, também se nota uma maior tolerância relativamente a certos valores que eram no passado considerados como tipicamente de esquerda.
Finalmente, é preciso ter presente que a dicotomia esquerda / direita também conduz a equívocos. Por exemplo, consideram-se de extrema-direita certos movimentos que, afinal, estão mais à esquerda que outros não considerados como tal. Sabiam que Mussolini foi socialista ou que Hitler passava a vida a barafustar contra a alta finança? Curioso, não é?
Conclusão: temos de continuar a usar esta dicotomia enquanto não for inventado outro barómetro político que, sendo de utilização simples, seja também mais abrangente.
2 Comentários:
Não sei se já reparou mas tem este texto integralmente reproduzido no blog "Cu de Oeiras"...E o pior é que o gajo nem sequer faz referência à fonte.
Não fazia a mais pequena ideia. Sem referência ou ligação à fonte é primeira vez de que tenho conhecimento.
Já sabia de outros casos - em que também não me perguntaram se queria ou se achava bem - em que publicaram textos meus, mas aí ou o link do título remetia para o ad valorem ou então mencionavam o meu nome como autor.
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