quarta-feira, 17 de março de 2010

Bullying

Ao ler um artigo da autoria de Emídio Guerreiro, publicado hoje no Diário de Coimbra, intitulado "Coisas de Criança", suscitou-me a seguinte reacção que publiquei na página do autor.

"Caro Emídio, o meu amigo pôs o dedo na ferida quando escreveu isto (e agoro cito-o):



"Juntam-se hoje, no mesmo espaço, crianças com 10 anos e jovens com 17, 18 anos (2º e 3º ciclo, respectivamente)."



Não sei se vai concordar comigo, mas a minha experiência de 29 anos de ensino diz-me que as escolas 2,3 deveriam ser erradicadas do nosso sistema de ensino. É desprezível o fenómeno do bullying em escolas escundárias, 3 (com 3.º ciclo). Há uma regulação natural que é feita pelos próprios alunos e eu testemunho-o praticamente todos os dias. Os mais velhos do secundário (com 17, 18 e 19 anos) protegem os mais novos (de 12, 13 anos) das arbitrariedades dos alunos "desajustados" que agridem os mais novos. Não raras vezes, são eles, os agressores, que acabam levando um ou dois sopapos e a coisa acaba sempre por aí.



De facto, é preciso compreender o fenómeno do bullying que se explica em poucas palavras: quem agride os mais novos fá-lo por duas ordens de razões:



1.ª porque pode! e porque pode fazê-lo com impunidade;



2.ª porque a transição da puberdade para a adolescência é caracterizada por uma fase TRANSITÓRIA de agressividade que decorre de alterações hormonais e de outros fenómenos psicossomáticos.



De nada adianta culpar pais e professores por um fenómeno natural que se for devidamente enquadrado não chega a constituir um problema. O problema só existe, é real e exige preocupação pela falta do tal enquadramento.



Explico: não raras vezes, os agressores são crianças APARENTEMENTE normais, que exercem a violência sobre os mais novos em contextos de grupo ou de relativo isolamento. É por isso que o fenómeno escapa a muita gente: aos professores; aos auxiliares de acção educativa e mesmo aos PAIS, os quais, quando vêm a saber, quase sempre ficam incrédulos, primeiro, e surpreendidos e revoltados, depois. Mas lá está, escapa a adultos mas não escapa aos colegas do secundário. São eles quem quase sempre resolvem o problema antes mesmo dele chegar a existir.



Acabar com escolas 2,3 é acabar com mais de 90% dos casos de bullying."

A imagem publicada foi obtida no sítio para o qual aponta a respectiva hiperligação.

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