Não gostaria de deixar terminar este dia 26 de Abril de 2009 – dia da canonização de Frei Nuno de Santa Maria – para evocar a ligação de histórica de Nuno Álvares Pereira à nossa cidade de Estremoz.
Assim, reproduzo aqui um excerto de um texto editado pela Fundação Aljubarrota relativo à Batalha dos Atoleiros – recentemente celebrada pelo Município de Fronteira – no qual se faz referência a episódios vividos em Estremoz.
“Dirige-se depois para Estremoz, onde teve conhecimento que os castelhanos já estavam no Crato. Mandou então chamar gente dos arredores de Estremoz, bem como de Elvas e de Beja. Juntou estas forças no Rossio de São Braz em Estremoz, onde passou revista à tropa, composta por cerca de 300 cavaleiros, 1.100 homens a pé e 100 besteiros.
D. Nuno não fraquejou perante a grande desproporção de forças que teria de enfrentar. Opinião contrária tinham contudo os capitães que estavam debaixo das suas ordens, que tentaram dissuadi-lo a combater contra um exército muito superior e onde se encontravam dois dos seus irmãos. Para que os seus homens não tivessem dúvidas de que não hesitaria em combater os castelhanos por aí se encontrarem dois dos seus irmãos, D. Nuno referiu que combateria o exército estrangeiro, mesmo que aí estivesse o seu pai. Referiu depois:
“Amigos! Bem sabeis que o Mestre me enviou a esta terra para que com a ajuda de Deus, vós e eu a defendamos de algum mal ou dano que os castelhanos lhe queiram fazer; e que esse feito lhes daria, para sempre, grande honra e bom nome; Grande bem faremos também a nós próprios em lutar, ao defender as nossas terras e bens, de que somos detentores”.
Ouvindo estas palavras, muitos que o ouviam disseram-lhe que no dia seguinte dariam a sua resposta, quanto a participarem no combate. Essa resposta acabou contudo por ser negativa. Perante esta resposta ficou D. Nuno muito irritado, e falando junto a um riacho que então havia no Rossio de São Braz,[1] disse:
“Amigos! Por serem muitos os castelhanos e grandes senhores, tanto maior honra e louvor vos virá de os vencerdes; e quanto a estarem com os castelhanos os meus irmãos, eu vos digo que defenderei a terra que me criou, e para terdes a certeza de que assim é vos prometo que, com a ajuda de Deus, serei o primeiro a iniciar o combate; e quanto a eles serem muitos e nós poucos, já muitas vezes sucedeu os poucos vencerem os muitos, porque a vontade de Deus é superior à dos homens; Rogo-vos assim que os que comigo quiserem ir a este combate que passem para além deste riacho, e os que não quiserem que fiquem deste lado". Ouvindo isto, disse a maioria dos que o escutavam que queriam ir com ele.
No dia seguinte, 6 de Abril de 1384, D. Nuno mandou tocar as trompetas pelas 6 horas da madrugada, ouviu missa[2] e depois parte com a sua gente em direcção a Fronteira, que estava então a ser cercada pelos castelhanos vindos do Crato. Parte D. Nuno com um exército de 1.500 homens. Pequena hoste, face á dimensão da tarefa que a aguardava.”
Aproveito ainda para referir que a Igreja dos Mártires foi mandada construir por Nuno Álvares Pereira para evocar os seus “bravos alentejões” – no dizer de Fernão Lopes – que pereceram nas batalhas em que esteve envolvido a partir de Estremoz (mártires, portanto, na salvaguarda da independência nacional em relação a Castela).
[1] Antiga denominação do actual Rossio Marquês de Pombal. Contudo, à época dos factos, é francamente duvidoso que aquele espaço já se denominasse daquela forma.
[2] Existe uma capela do lado nascente do Rossio que faz referência a tal missa, porém datando-a em 5 de Abril, ou seja, na véspera. Porém, apesar da lápide aposta naquela capela, há quem alegue que esta é de construção posterior e que a mesma foi salva da demolição justamente graças aquela evocação a Nuno Álvares Pereira – se quiserem, outro milagre. Ao que parece a ermida onde terá sido celebrada a missa em referência situar-se-ia noutro local nas imediações do rossio, logo, já desaparecida.
Assim, reproduzo aqui um excerto de um texto editado pela Fundação Aljubarrota relativo à Batalha dos Atoleiros – recentemente celebrada pelo Município de Fronteira – no qual se faz referência a episódios vividos em Estremoz.
“Dirige-se depois para Estremoz, onde teve conhecimento que os castelhanos já estavam no Crato. Mandou então chamar gente dos arredores de Estremoz, bem como de Elvas e de Beja. Juntou estas forças no Rossio de São Braz em Estremoz, onde passou revista à tropa, composta por cerca de 300 cavaleiros, 1.100 homens a pé e 100 besteiros.
D. Nuno não fraquejou perante a grande desproporção de forças que teria de enfrentar. Opinião contrária tinham contudo os capitães que estavam debaixo das suas ordens, que tentaram dissuadi-lo a combater contra um exército muito superior e onde se encontravam dois dos seus irmãos. Para que os seus homens não tivessem dúvidas de que não hesitaria em combater os castelhanos por aí se encontrarem dois dos seus irmãos, D. Nuno referiu que combateria o exército estrangeiro, mesmo que aí estivesse o seu pai. Referiu depois:
“Amigos! Bem sabeis que o Mestre me enviou a esta terra para que com a ajuda de Deus, vós e eu a defendamos de algum mal ou dano que os castelhanos lhe queiram fazer; e que esse feito lhes daria, para sempre, grande honra e bom nome; Grande bem faremos também a nós próprios em lutar, ao defender as nossas terras e bens, de que somos detentores”.
Ouvindo estas palavras, muitos que o ouviam disseram-lhe que no dia seguinte dariam a sua resposta, quanto a participarem no combate. Essa resposta acabou contudo por ser negativa. Perante esta resposta ficou D. Nuno muito irritado, e falando junto a um riacho que então havia no Rossio de São Braz,[1] disse:
“Amigos! Por serem muitos os castelhanos e grandes senhores, tanto maior honra e louvor vos virá de os vencerdes; e quanto a estarem com os castelhanos os meus irmãos, eu vos digo que defenderei a terra que me criou, e para terdes a certeza de que assim é vos prometo que, com a ajuda de Deus, serei o primeiro a iniciar o combate; e quanto a eles serem muitos e nós poucos, já muitas vezes sucedeu os poucos vencerem os muitos, porque a vontade de Deus é superior à dos homens; Rogo-vos assim que os que comigo quiserem ir a este combate que passem para além deste riacho, e os que não quiserem que fiquem deste lado". Ouvindo isto, disse a maioria dos que o escutavam que queriam ir com ele.
No dia seguinte, 6 de Abril de 1384, D. Nuno mandou tocar as trompetas pelas 6 horas da madrugada, ouviu missa[2] e depois parte com a sua gente em direcção a Fronteira, que estava então a ser cercada pelos castelhanos vindos do Crato. Parte D. Nuno com um exército de 1.500 homens. Pequena hoste, face á dimensão da tarefa que a aguardava.”
Aproveito ainda para referir que a Igreja dos Mártires foi mandada construir por Nuno Álvares Pereira para evocar os seus “bravos alentejões” – no dizer de Fernão Lopes – que pereceram nas batalhas em que esteve envolvido a partir de Estremoz (mártires, portanto, na salvaguarda da independência nacional em relação a Castela).
[1] Antiga denominação do actual Rossio Marquês de Pombal. Contudo, à época dos factos, é francamente duvidoso que aquele espaço já se denominasse daquela forma.
[2] Existe uma capela do lado nascente do Rossio que faz referência a tal missa, porém datando-a em 5 de Abril, ou seja, na véspera. Porém, apesar da lápide aposta naquela capela, há quem alegue que esta é de construção posterior e que a mesma foi salva da demolição justamente graças aquela evocação a Nuno Álvares Pereira – se quiserem, outro milagre. Ao que parece a ermida onde terá sido celebrada a missa em referência situar-se-ia noutro local nas imediações do rossio, logo, já desaparecida.
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