Parece que foi ontem mas a verdade é que já faz 3 anos que iniciei a coluna ad valorem.
No primeiro artigo afirmei que ad valorem reflecte "a convicção de que as pessoas têm valor e de que têm valores". Esta profissão de fé – chamemos-lhe assim – continua inalterada. Tem subjacente uma miscelânea de visões doutrinárias e de filosofias que ao longo da vida fui bebendo em "várias fontes". Todavia, ao contrário do que sucede noutras crenças, não tem o transcendental por objecto mas sim, e apenas, a valia humana. Algo bem terreno, portanto.
E porque acredito eu na valia humana? Porque o ser humano quando nasce vem dotado de um conjunto de aptidões naturais – lógico-matemática, linguística, espacial, musical, físico-cinestésica, intrapessoal e interpessoal. De uma maneira geral, todos nós nos destacamos positivamente em pelo menos uma destas vertentes. Dito de outro modo, somos quase sempre bons em alguma coisa (desde que queiramos trabalhar tais aptidões, transformando-as em capacidades e competências). Tal não implica que tenhamos uma capacidade lógico-matemática de um Einstein, uma capacidade linguística de um Camões, uma capacidade de organização espacial de um Souto Moura ou de um Siza Vieira, uma capacidade musical de um Mozart, uma capacidade físico-cinestésica de um Joaquín Cortés ou de um Cristiano Ronaldo, uma capacidade intrapessoal de um Daniel Sampaio ou uma capacidade interpessoal de um Barack Obama. No entanto, todos temos potencial para sermos suficientemente bons no desenvolvimento de uma qualquer actividade produtiva ou no exercício de uma profissão.
O reverso da medalha está no facto de, do mesmo modo que temos potencial para ser bons em alguma coisa, também invariavelmente revelamos maiores dificuldades em uma ou mais áreas. Ainda assim, também aqui há uma boa notícia: quem revela menores aptidões naturais num qualquer domínio tem a possibilidade de as compensar com esforço extra. Tal como a massa muscular, também as aptidões podem ser exercitadas. Podemos demorar mais tempo que os dotados a apreender certos saberes e certas competências, porém, uma vez adquiridos, sabemos tanto e somos tão capazes como qualquer outro que à partida estava em vantagem. Afinal, o que conta não é a posição à partida mas sim a posição à chegada.
Posto isto, concluo: o problema de algumas pessoas radica, por um lado, na descrença no seu próprio potencial e, por outro, na ausência de motivação para o desenvolver. Para estas, a mensagem de Paul Arden é aqui oportuna: "o que importa não é quão bom tu és, mas sim quão bom tu queres ser!". É preciso crer e querer.
1 Comentários:
Então parabéns:)
Esperemos que os 3 próximos sejam repletos de boas noticias e bons ventos!
Bom fim de semana!
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