Faz tempo que factos vividos na rua não justificavam que parasse para pensar e para refletir um pouquinho.
Sou estremocense de nascimento e de residência. Hoje, sexta, vi a minha pequena cidade agigantar-se, tal era a movimentação nas praças centrais. Fazia lembrar um dos melhores mercados tradicionais de sábado, dos tempos anteriores à pandemia. Mas, insisto, hoje é sexta. Qual foi então a principal razão que levou a uma concentração anormal de pessoas na cidade?
Suspense… foi Solidariedade!
Que bonito, dirão uns; WTF?, questionarão outros. Pois bem, aquilo que vi foi uma enorme onda de solidariedade de algumas pessoas relativamente aos seus semelhantes que estavam a ser ouvidos em audiência no Tribunal da Cidade. Esbracejavam, gritavam, diziam que os matavam a todos… enfim, só quem viu como eu vi. Rapidamente, já alguns estavam a considerar – não por estas palavras (as deles eram mais… Cara%$o! Fod%$-se! Put% que p@riu...) – perseguição étnica, discriminação, xenofobia ou racismo.
Afinal, sempre há pessoas solidárias com criminosos, que não gostam que estraguem o “negócio” de quem vive à conta do trabalho dos outros.
Quando me falaram que Estremoz tinha sido palco de criminalidade cibernética organizada, que através das funcionalidades do MBWay sacavam as poupanças aos mais incautos, estava longe de imaginar que tal génio criativo estivesse concentrado em pessoas de uma determinada etnia. Imaginava os antigos “ratos de biblioteca”, agora gurus informáticos, despenteados, borbulhentos, associais, com dificuldades em estabelecer diálogo com o sexo oposto e que, talvez por isso, preferiam descarregar a sua energia libidinal num computador.
Que enganado estava.
A polícia estabeleceu um perímetro de segurança em torno do Tribunal e sim, posso testemunhar, assisti ao vivo e a cores ao fenómeno da discriminação: pelo sítio por onde passei sem qualquer problema, vi ser barrada a passagem a dois indivíduos (da referida etnia) que alguns momentos antes vi a “largarem” impropérios à distância para com os agentes da autoridade, chamando-lhes tudo menos “mãe”.
Não querendo branquear uma ação manifestamente feia como a discriminação, devo confessar que compreendi e, mais grave ainda, aceitei de bom grado, o comportamento dos agentes policiais.
Agora pergunto eu: nós, integrantes da etnia dominante, também somos assim solidários com os nossos criminosos? Penso que não.
Penso também que ninguém aprecia violência policial nem abusos de autoridade. Por isso, acho eu, vai sendo tempo de sermos também solidários de vez em quando… desta feita, com as Polícias, com a Judite, com a de Segurança Pública e, até ou especialmente, com a Unidade Especial de Intervenção (se é que é assim que se chama).
Portanto, sejamos solidários
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