Primeiro, foi a demissão extemporânea e irreflectida de Paulo Portas. Foi mau, muito mau, mas ainda assim aquele personagem conseguiu dar a volta, perante a posição de firmeza de Passos Coelho, e acabou a possibilitar um entendimento com o outro partido da coligação que, levado a cabo, amanhã a tempestade estaria amainada.
Era para mim impensável tanta falta de tino político, de bom-senso, de responsabilidade e de sentido de Estado, por parte de Cavaco Silva. Este homem acabou de nos atirar - receio que irremediavelmente - para um pântano onde cria condições para que aconteça tudo quanto ele, supostamente, pretendia evitar.
É uma ingerência na vida interna do PS querer obrigá-lo a um entendimento forçado com o PSD e com o CDS. O Presidente quer impor um ménage à trois quando antecipadamente sabemos que António José Seguro não vai querer alinhar nele. Esta estupidez inenarrável do "governo de salvação nacional" vai ser, receio bem, afinal, a extrema unção e o caminho mais rápido para o afundamento nacional.
Como disse, não esperei por ouvir os comentadores credenciados. Quis escrever aquilo que senti sem influências. Resumo agora aquilo que (receio) se vai passar:
- ao invés de amanhã termos governo e o país a seguir um rumo - melhor ou pior, agora não importa - vamos ter 4 ou 5 semanas de indefinição que irão agravar os juros da nossa dívida externa e impedir Portugal de voltar aos mercados;
- se o objectivo era "entalar" o PS ou propiciar a substituição do seu líder, acho também que tal objectivo, para além de irresponsável, é imoral;
- a comunidade internacional vai penalizar-nos seriamente por tamanha tacanhez de espírito de Cavaco Silva que se transformou - com o seu querer parecer independente - no coveiro de Portugal.
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