Reza o ditado popular que "de génio e de louco todos temos um pouco". Alguns episódios recentes fizeram com que me lembrasse deste provérbio. Recordei-me também de uma anedota que se contava na minha juventude. Referia-se ela ao facto de terem fugido 500 malucos do manicómio. Iniciada a busca dos evadidos rapidamente apanharam 3000, só que… não era nenhum dos que lá estavam.
Às vezes não sei bem se malucos são aqueles que têm uma monumental pancada ou se neste conjunto devemos incluir todos aqueles que os rodeiam e que lhes alimentam as taras. Vou dar um exemplo. Conheci um sujeito que certo dia um colega de escola perguntou por ele ao seu pai. Como é natural, o amigo referiu-se ao jovem pelo seu nome próprio. O pai parece que não gostou que o filho fosse tratado de forma tão displicente (pelo nome próprio) já que este tinha acabado de se licenciar e respondeu: "o Dr. Fulano (referindo-se ao filho) está ali no Alentejano (um certo café numa terra alentejana que não a nossa) com o (e agora invento os nomes) Manuel, com o Joaquim e com o Rafael." Curiosamente, os três acompanhantes, aqui tratados pelos respectivos nomes sem qualquer vénia, eram, todos eles, personalidades de destaque naquele meio provinciano, tipo juiz, reitor de colégio e o regente da orquestra lá do sítio.
Às vezes não sei bem se malucos são aqueles que têm uma monumental pancada ou se neste conjunto devemos incluir todos aqueles que os rodeiam e que lhes alimentam as taras. Vou dar um exemplo. Conheci um sujeito que certo dia um colega de escola perguntou por ele ao seu pai. Como é natural, o amigo referiu-se ao jovem pelo seu nome próprio. O pai parece que não gostou que o filho fosse tratado de forma tão displicente (pelo nome próprio) já que este tinha acabado de se licenciar e respondeu: "o Dr. Fulano (referindo-se ao filho) está ali no Alentejano (um certo café numa terra alentejana que não a nossa) com o (e agora invento os nomes) Manuel, com o Joaquim e com o Rafael." Curiosamente, os três acompanhantes, aqui tratados pelos respectivos nomes sem qualquer vénia, eram, todos eles, personalidades de destaque naquele meio provinciano, tipo juiz, reitor de colégio e o regente da orquestra lá do sítio.
Anos mais tarde, este tal Dr. Fulano, dono de um ego desmesurado, depois de ter passado boa parte da sua vida a bajular os seus superiores, conseguiu ele, finalmente, um cargo público de reconhecido destaque. Iniciada a sua gestão, as coisas não lhe estavam a correr de feição. Então reuniu o seu staff e saiu-se com esta: "vocês não têm pedalada para mim!". Resumindo: a culpa era dos colaboradores que se limitavam a cumprir as suas orientações. Ora aí está uma saída genial típica dos incompetentes: a culpa é sempre de outros (e, efectivamente, é, mas apenas porque os aturam).
Friedrich Nietzsche, antes de (também) enlouquecer, escreveu uma frase que descreve bem este tipo de personagens: "Em todos os grandes impostores existe uma ocorrência notável à qual devem todo o seu poder: têm o génio de transmitir uma inabalável confiança em si próprios e no resultado das suas acções, que se afiguram de forma milagrosa e atraente aos que os cercam". Este fenómeno baseia-se num simples encadear de causas e efeitos: líder que acredite estar destinado a grandes feitos, tende a piorar sempre que aqueles que o rodeiam lhe dão crédito. Se num primeiro momento todos podemos ser apanhados de surpresa – afinal, se tais personagens estão tão confiantes devem ter alguma razão para isso – deixa de haver desculpas quando se percebe o embuste.
Não andamos nós a alimentar taras e manias a quem não merece?
Publicado na edição do Brados do Alentejo de 28 de Maio de 2009
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