quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Saldos de Stocks

De uma maneira geral pode considerar-se que este novo evento promovido pela autarquia correu melhor do que aquilo que eram as expectativas no momento em que abriu o certame. Na verdade, a generalidade dos comerciantes aderentes acabou por reconhecer que os resultados surpreenderam pela positiva. Do mesmo modo, também os primeiros visitantes – entre os quais me incluo – não podiam antecipar que esta iniciativa iria contar com um número significativo de visitantes.


Fico satisfeito por isso. Louvo também a intenção anunciada de auxílio ao comércio local. Todavia, não alimento ilusões no sentido de considerar que este novo evento tenha ganho perenidade logo no primeiro ano. As circunstâncias em que decorreu foram, a vários títulos, especiais. Desde logo, decorreu num momento de crise tornando-o, por isso, apelativo tanto para comerciantes e como para potenciais compradores. Depois não houve concorrência de outros eventos promovidos por outras autarquias. Finalmente, a divulgação foi eficaz.


Neste contexto, até admito que numa eventual segunda edição possa vir a contar com um maior número de participantes. No entanto, é preciso não esquecer que a variedade foi reduzida e que pouco tempo bastou para se percorrerem todos os expositores. Não obstante os comerciantes tenham manifestado a sua satisfação, ela resultou em grande parte de as suas expectativas serem baixas à partida. Já entre os visitantes houve alguns que reconheceram que estavam à espera de mais e que se confessaram meio frustrados com o resultado da sua deslocação expressa ao certame. Portanto, cuidado. Para o ano podem os comerciantes esperar melhor e os resultados, fruto desta conjugação de factos, acabarem por se revelar piores.


Face ao que precede, deixo o alerta: uma eventual 2.ª edição deverá ser complementada com outras valências que a tornem mais apelativa, nomeadamente promovendo complementarmente as indústrias agro-alimentares (vinhos, queijos, enchidos e doçaria) que constituem uma importantíssima fonte de criação de emprego e de riqueza neste concelho.


A terminar deixo outro alerta: esta ajuda ao comércio local, se bem que importante, não resolve o problema de fundo. A atractividade de Estremoz é estruturalmente mais importante que quaisquer eventos que nesta cidade se realizem episodicamente.


Publicado na edição do Ecos de 26Fev2009.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Verdade e mentira




A propósito de um artigo de opinião de António Ribeiro Ferreira, li um comentário que não fica aquém do texto original e que me permito reproduzir (citando o autor):


"Sobre a mentira afirmou António Aleixo:

Para a mentira ser segura

E atingir profundidade

Tem que trazer à mistura

Qualquer coisa de verdade.

O Poeta pronunciou-se assim sobre a mentira, mas parece-me que hoje já nem se preocupam que a mentira tenha uma pitada de verdade. É a mentira Pura! (...) Por isso eu diria como o Poeta:

Para a verdade ser segura

Tem que ter por fundamento

Qualquer coisa que perdura

Para além do pensamento.

Todos devemos falar e pensar verdade e abominar a mentira com que tentam atingir-nos diariamente!"

O autor (que desconheço) assinou por José Engrossa. Admito mesmo que António Aleixo, se fosse vivo, não se importaria que esta quadra fosse associada ao seu nome.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

USA to Africa - há 24 anos


Uma colega minha remeteu-me este vídeo de há 24 anos. Gostei de recordar.

Lamenta-se todavia que, para lá da emoção do momento, o mundo se tenha esquecido novamente de quem mais precisa.


"... so let´s start giving" (again)!






quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O Triunfo dos Porcos



Quando Eric Arthur Blair, sob o pseudónimo de George Orwell, escreveu a sua Animal Farm, provavelmente estaria longe de imaginar que o título da tradução portuguesa da sua obra, "O Triunfo dos Porcos", iria ter maior impacto que o título original. De facto, o título português remete-nos para a triste realidade do fim da história, enquanto o original nos mantém na doce inocência do início da mesma, ou seja, do fraterno entendimento entre iguais.


Concluída em Fevereiro de 1944, esta obra é frequentemente vista como uma representação simbólica da revolução soviética, em especial dos desvios da mesma em relação aos ideais originais, feita com a autoridade moral de quem combateu na Guerra Civil espanhola pelo lado dos republicanos.


Pela parte que me toca, não vou falar da revolução russa. No entanto, vou usar outros aspectos da mesma obra para caracterizar o mundo de aparências hipócrita que hoje caracteriza a fragilizada democracia portuguesa. Vou também usar como imagem alegórica outra criação de Orwell, o Big Brother, (lançada numa sua obra de 1948 denominada, trocando os últimos dois algarismos, "1984"), para descrever o clima de terror psicológico que se vive actualmente nas escolas.


Comecemos pela hipocrisia das aparências. Como diria o Mário Crespo, façamos de conta que a licenciatura de Sócrates obtida numa universidade privada (fechada depois da "missão cumprida") não constitui um péssimo exemplo para os alunos deste país. E que dizer das encenações em torno do Magalhães (com figurantes e tudo), as quais se revelam ainda mais vergonhosas quando vimos o Estado "premiar" uma empresa indiciada por fraude fiscal? Depois há o lastimável processo disciplinar lançado sobre o professor Charrua, em que este surge retratado a conversar para as paredes, como se de um tolinho se tratasse, em que pelo meio chamava nomes pouco apropriados ao nosso primeiro. Inenarrável. Já nem é necessária imaginação para tramar alguém neste país. Como autora moral deste processo inquisitório surge a figura napoleónica da directora regional da educação do norte. Já agora, será que foi por acaso que a polícia se interessou pelas manifestações dos professores? Finalmente, que dizer do relatório "da OCDE" encomendado a pedido para dizer bem da política educativa?


Tudo isto é triste. Lamento que se agrava quando constatamos que o Presidente da República se mostrou preocupado quando mexeram no "seu" poder, mas nem uma palavra disse em relação aos episódios mais deploráveis acima descritos.


Perante isto, sem protecção, sob o olhar do Big Brother, dos 130 mil professores em luta uma grande parte capitulou. Fizeram de conta que ia haver avaliação…


Foi com uma passividade semelhante que os porcos de Orwell triunfaram.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

2.º C.C.C.A. 1978/79 - 30 anos depois do fim do ensino técnico


Neste ano de 2009 assinala-se o 30.º aniversário do fim do ensino técnico em Portugal. Aqueles cujos nomes se encontram na listagem pertencem a essa derradeira geração. Não interessa agora se o fim do ensino técnico foi uma boa ou uma má medida. O que interessa saber é se os colegas do último Curso Complementar de Contabilidade e Administração querem encontrar-se para um qualquer programa de confraternização, o qual poderá incluir almoço.

Passem palavra. Mandem-me uma mensagem para ramalho.antonio@gmail.com. Proponham um programa que nos permita recordar um período de vários anos que trilhámos em conjunto, trinta anos depois...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Entrevista no "Ecos"



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Semiramis

O tempo passa depressa para os vivos. Já fez 3 anos que o Blogue Semiramis deixou de receber os contributos – praticamente diários – da sua autora, Joana. Muito raramente encontramos pessoas com idêntica craveira intelectual.


Dizem que Joana morreu. Eu não a conhecia, portanto, não sei. Apenas sei que o legado que nos deixou – o Semiramis – conquistou a imortalidade. Aquele foi o primeiro blogue que me influenciou verdadeiramente e, ainda hoje, continua a ser a minha referência mais sólida. Se nunca tivesse lido os escritos da Joana talvez o ad valorem não existisse. Eu sei que dificilmente o ad valorem chegará a ser um mero sucedâneo do Semiramis, no entanto, ainda assim, ele constitui a minha mais empenhada homenagem aos escritos da Joana.


Joana do Semiramis… ATÉ SEMPRE!


PS: Ontem adicionei o Semiramis à minha lista de blogues. Fiquei com peso na consciência de não me ter lembrado de o fazer há mais tempo.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Evidências e contradições

Aquilo que é evidente não carece de demonstração já que… é óbvio. A uma afirmação deste tipo – tecnicamente designada de truísmo – chamamos comummente "uma verdade de La Palice" (ou de La Palisse, o tal Marechal francês que "pouco antes de morrer, ainda vivia"). Vamos agora colocar ao contrário a proposição inicial: tudo quanto não é óbvio carece de demonstração. Ora, se os sentidos das duas expressões são opostos então, logicamente, também os comportamentos que lhes estão associados deveriam ser diferentes. Certo? Pois bem, nem sempre. O que não falta é quem perante realidades não evidentes, portanto complexas, se limite a produzir afirmações gratuitas, ainda que categóricas, sem se dar ao trabalho de demonstrar que as mesmas são autênticas.

Talvez com alguns exemplos eu consiga fazer passar melhor a mensagem central da presente crónica. Vamos ser razoáveis, se você disser que se deixar cair um ovo de galinha ele se parte ao embater no solo, talvez não precise de o demonstrar para que as pessoas acreditem em si. O que não faltarão são pessoas que podem testemunhar que presenciaram situações similares. Anormal seria o ovo não se partir. Agora diga-me uma coisa: já alguma vez comprou uma casa a uma empresa sedeada num espaço off shore (aqueles paraísos fiscais onde repousa dinheiro de que não se sabe quem é o dono)? Não? Olha que estranho! Nem conhece ninguém (na família ou entre amigos) que tenha comprado? Não? Então se calhar isto não é normal, logo, não é coisa evidente. Bom, mas deve estar farto de saber que habitualmente as pessoas vendem as casas por um valor menor que aquele que despenderam por elas, em especial quando o vendedor é uma empresa que visa o lucro? Também não? Bom, isto está difícil. Se calhar estamos perante uma situação que não só não é evidente como também apresenta indícios contraditórios com a ideia intuitiva que temos de empresa. Ora aqui está uma daquelas situações em que se queremos que as pessoas acreditem na nossa boa-fé e na nossa integridade moral, então vamos ter de nos disponibilizar, humildemente, para explicar tudo tintim-por-tintim.

Posto isto, o cidadão comum tem de aprender a defender-se. Assim, para aqueles que se recusam a demonstrar aquilo que carece de demonstração, sugiro as seguintes regras práticas: se dizem que são credíveis, é porque podem não o ser; se dizem que falam verdade, é porque podem estar a mentir; se acusam os outros de politiquice, é porque podem ser eles os politiqueiros; se passam a vida a culpar os outros é porque, atenção, podem ser eles mesmo os culpados.

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