Confesso que fiquei um pouco surpreendido com esta análise
do meu conterrâneo Vítor Bento... De facto, durante algum tempo pensei que ele
estava do lado daqueles que subscreviam a cura radical através do reequilíbrio
das contas públicas e dos défices externos.
Constato que, afinal, Vítor Bento apresenta agora uma visão
substancialmente diferente, demarca-se da “cura radical” e, como se isso não
bastasse, apresenta uma solução de inspiração Keynesiana modificada (ou
melhorada, se quiserem).
(É
sabido e consensualmente aceite que o Keynesianismo puro foi ultrapassado por
dois fenómenos que Keynes não conseguiu prever: (1) a inflação pelos custos,
que veio à tona com a crise energética gerada pelo choque petrolífero de 1973;
e (2) pela crescente interdependência dos países à escala planetária, cuja
abertura progressiva das respectivas economias ao comércio internacional levou
àquilo que comummente se designa por Globalização e que se acentuou de forma
marcante (e, provavelmente, irreversível) a partir dos anos 80 do século passado.
Acredito piamente que se Lorde Keynes fosse vivo e estivesse na plenitude das
suas faculdades mentais já teria revisto a sua teoria base e, quem sabe, talvez
tivesse encontrado uma nova solução similar àquela que Paul Samuelson
popularizou no século XX.)
Enfim, Economia é aquela disciplina em que todos parecem
saber mais que os economistas. Não sei se foi Vítor Bento quem descobriu a
solução miraculosa que vai pôr as economias novamente na rota do crescimento.
Não sei sequer se ele mudou de opinião ou se antes não disse tudo quanto
parece (agora) saber. Só sei que me surpreendeu… pela positiva, sublinhe-se, já que
mudar de opinião, se é que isso aconteceu, não tem em si nada de errado.
Como dizia Lorde Keynes: “Se tenho a acesso a nova
informação, é natural que a minha opinião mude. O que faria o Senhor no meu
lugar?” (em resposta a quem insinuava a sua inconsistência).
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