quinta-feira, 15 de outubro de 2009

SAMOS CIDADÕES

Descobri uma coisa fantástica e que agora partilho convosco: se escrevermos em MAIÚSCULAS o corrector ortográfico não assinala os erros. No discurso escrito as maiúsculas são equivalentes à forma enfática na linguagem falada. E como se dá ênfase ao discurso oral? FALANDO ALTO ou S-O-L-E-T-R-A-N-D-O o discurso. Nestas condições as pessoas que ouvem fixam-se mais na forma que no conteúdo da mensagem; dão mais atenção ao mensageiro que fala convictamente – mesmo que esteja a dizer patacoadas – que a qualquer outro orador.


Descobri também que o discurso escrito é pouco (ou nada mesmo) eficaz. Dou um exemplo: nesta última campanha eleitoral o texto do panfleto dirigido aos eleitores de Evoramonte saiu com o conteúdo que era destinado aos eleitores de Santa Vitória do Ameixial. Só soube de uma pessoa que tivesse dado por isso. Esclarecedor, não acham?


Feita a introdução vamos ao que interessa. Apesar de me ter recusado a usar esta coluna para falar da política local desde que anunciei a minha candidatura à Câmara Municipal, hoje vou abrir uma excepção, sob pena de as pessoas pensarem que estou a fugir ao assunto. Portanto, vamos a isto sem rodeios: perdi claramente estas eleições. Ser eleito vereador não mitiga o desaire eleitoral já que o objectivo era, no mínimo, fazer eleger dois representantes da lista em que estava integrado.


As dinâmicas de voto útil lesaram duplamente as candidaturas do PSD, da CDU, do CDS e do BE. Houve voto útil no MiETZ para destronar o executivo socialista; assim como houve voto útil no PS para procurar impedir o retrocesso da eleição de Luís Mourinha. Em termos práticos, o eleitorado bipolarizou-se. Nada, afinal, que eu não tivesse antevisto na minha intervenção final do último debate entre candidatos. O que nunca pensei é que tivesse esta expressão. Os votos CONTRA E PELAS MÁS RAZÕES ganharam estas eleições em Estremoz.


Enfim, apesar de todas as vicissitudes acabei eleito. Irei assumir a responsabilidade de representar aqueles que votaram a FAVOR de alguma coisa e ainda os demais que não se sentem representados neste executivo. Vou ficar entaipado entre os principais obreiros do atraso de Estremoz. Não estou a dizer que a Câmara Municipal deva ser vista como um local mal frequentado, até porque tem eleitos que me merecem respeito. Porém, devo confessar que há lá pessoas que não constituem a melhor companhia quando se pretende desenvolver um trabalho sério e responsável. Ossos do ofício.


Costuma dizer-se – e eu digo-o com muita frequência – que em democracia todos têm o que merecem. Tive, portanto, o que mereci. Porém esta máxima, para o bem e para o mal, aplica-se igualmente aos eleitores: cada terra tem também os políticos que merece. Quem ganhou tem agora um autocarro de promessas para cumprir e duvido muito que seja capaz de o fazer. Será isso uma DESGRÁCIA? Pouco importa, os queixumes a posteriori são como sopas depois de almoço. AGUENTEM-SE À BRONCA!


Publicado na edição do Brados do Alentejo de 15 de Outubro de 2009

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