O ideal comunista tem raízes profundas na História. A primeira semente talvez tenha sido lançada em 1516 por Thomas More no seu livro "Utopia", o qual retrata uma ilha imaginária, paradisíaca, algures para os lados da América – quem sabe se não seria Cuba – onde todos viviam em plena harmonia e onde se aplicava o princípio da posse comum. Mais tarde Chanceler de Inglaterra, no reinado de Henrique VIII, a sua vida terminou precipitadamente quando a sua cabeça rolou pelo chão por ordem do seu soberano. A rectidão do seu carácter e a sua fidelidade à Igreja Católica determinaram a sua canonização como Santo por decreto de Pio XI (1935).
Já no séc. XIX surgiram vários pensadores a defender o ideal socialista e a propriedade comum dos meios de produção. Robert Owen, um industrial galês que fundou nos Estados Unidos a Comuna "Nova Harmonia", foi (talvez) o primeiro a usar a expressão "comunismo" em 1827. Charles
Fourier, francês, filho de ricos comerciantes burgueses, rebelou-se contra a inveja e a rivalidade, entendendo que os homens deviam viver em fraternidade social. Finalmente, outro francês, o Conde de Saint-Simon, foi o primeiro a defender o lema: "a cada um segundo sua capacidade, a cada capacidade segundo seu trabalho".
No entanto, foi com Karl Marx e com Friedrich Engels que o Comunismo evidenciou o seu maior impulso. Distinguiam-se dos três anteriores por os considerarem "utópicos", ou seja, por não fundarem as suas teses no "materialismo histórico" e por não determinarem que a instalação da sociedade socialista teria de provir da revolução proletária. Durante todo o séc. XIX não se estabeleceram diferenças entre "socialistas" e "comunistas", já que eram as mesmas pessoas. O Socialismo era apenas um estádio intermédio para o Comunismo. No Socialismo, o Estado apropriar-se-ia dos meios de produção e planearia a actividade económica segundo as necessidades das pessoas. No Comunismo já não existiriam classes sociais, as necessidades das pessoas estariam supridas e, como tal, o Estado deixaria de ser necessário.
Das disputas com Karl Marx surgiram variantes ao ideal comunista. Por exemplo, Bakunine e o Príncipe Kropotkine, ambos russos, entendiam não haver necessidade do socialismo como etapa intermédia para a extinção do Estado (Anarquismo). Mais tarde, nova cisão, desta feita protagonizada pelo alemão Eduard Bernstein que defendeu uma revisão às teses marxistas, advogando que, através de reformas sucessivas ao modelo capitalista, a chegada ao socialismo podia ser por via democrática e não, necessariamente, por via revolucionária. Doravante, passariam a existir dois socialismos: o revolucionário (fiel ao modelo original); e o democrático (ou reformista) que reservou para si o termo social-democracia até então partilhado por todos. Só com Lenine o termo comunismo ganhou maior aceitação entre os adeptos do socialismo revolucionário, vincando a distinção dos revisionistas (reformistas). Curiosidade final: More, Owen, Fourier, Saint-Simon, Marx, Engels, Bakunine, Kropotkine e Lenine teriam eles mais alguma coisa em comum? Sim! Eram todos abastados.